Mix de produtos, modelo e critérios para os boxes foram os principais questionamentos sobre o Mercado Público
A Câmara de Foz colocou em discussão o futuro Mercado Público do município. O empreendimento, que deve gerar emprego e renda, está sendo construído na região da Vila A e deve abrigar cerca de 72 lojas. No debate, as principais ponderações foram a respeito do mix de produtos, que em princípio engloba: gastronomia, serviços, hortifrutigranjeiros, souvernirs e empórios e também sobre qual será o modelo de licitações dos boxes, quais serão os critérios e quem vai poder participar. Além disso, pequenos produtores do município pediram que haja maior espaço para o produtor local.
A exposição sobre o modelo que está sendo desenvolvido foi feita por Yuri Benitez, presidente do Conselho Municipal de Turismo (Comtur) e gerente do Complexo Turístico de Itaipu, retomando histórico do prédio que era da antiga Companhia Brasileira de Alimentos (Cobal), destinada anteriormente para atender pessoas que viessem em razão da construção da Usina de Itaipu. “Temos a estimativa de geração de 270 empregos diretos e 180 empregos indiretos. Abrimos a consulta pública em 28/06 e prorrogamos o encerramento que antes estava previsto para 5 de julho. Neste período tivemos 35 contribuições entre propostas, pedidos, de 33 participantes diferentes, que são pessoas, instituições. Os próximos passos agora será a entrega formal da obra”.
A audiência foi aberta pelo presidente da Casa, vereador Ney Patrício (PSD) e conduzida pelo proponente do debate, vereador Galhardo (Republicanos) e contou com a presença dos parlamentares: Alex Meyer (PP), Anice (PL), Jairo Cardoso (DEM), João Morales (DEM), Adnan El Sayed (PSD) e Kalito (PSD). Do Poder Executivo, participou João Pereira dos Santos, Secretário Municipal de desenvolvimento Comercial, Industrial e Agropecuário.
Expectativa em relação aos boxes e necessidade de ampliar o debate
O proponente do debate, vereador Galhardo (Republicanos), falou da expectativa criada com relação aos boxes do mercado. “O grande detalhe desta obra é que se criou uma expectativa em relação aos boxes. Essa é a grande dúvida de toda a população: quem vai expor nos boxes. O pessoal do hortifruti vai ter condição de pagar um box? Hoje é o momento da implantação do empreendimento. Eu acho que a reunião de trabalho é no sentido de preservar e até ampliarmos o mix. É preciso ter um alcance social também. Tenho uma grande preocupação com o subemprego e eles estão em algumas franquias, em entregas de moto, colocando a nossa juventude em risco. Vamos trabalhar os empregos diretos e indiretos de forma consciente”. O vereador Adnan El Sayed (PSD) questionou a respeito dos critérios para os boxes, se “uma mesma pessoa pode ter mais do que um box? Como a pessoa faz para participar?”.
O presidente do Legislativo, vereador Ney Patrício (PSD), fez algumas ponderações sobre a discussão: “A audiência surgiu de uma preocupação principalmente com os pequenos produtores. É um mercado público, criado com recursos públicos, mas não do município. Seria a questão então de criar outro mercado municipal? Não sabemos, é preciso ampliar a discussão. A cidade precisa do mercado. Esse processo foi importantíssimo na construção de resposta a tantas dúvidas que recebemos todos os dias sobre o mercado público”.
Felipe Gonzalez do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social de Foz do Iguaçu (Codefoz), afirmou: “Vejo esse momento como muito importante para que possamos dar um benefício à comunidade deste segmento e que possa vir a contribuir com o desenvolvimento. Já tivemos uma reunião no Codefoz. Um pleito de gratidão por essa reunião”.
Posicionamento do PTI
O Diretor Superintendente da Fundação Parque Tecnológico de Itaipu (PTI), general Garrido, pontuou: “Quero destacar o foco na diversidade econômica, cultural. Círculo de gerar novos empregos, estimular os jovens, isso é importante. Não existe uma solução padrão que atenda a todos. Não temos omissão em relação a pequenos produtores. Temos de colocar algumas condições para que o público seja reconhecido e tenha ali uma fatia. Estamos trabalhando para colocarmos algumas soluções que sinalizem qual o caminho de mix que queremos. Vamos buscar a solução que contemple esse universo do pequeno produtor, de produtores de orgânicos e que também tenham a sustentabilidade de desenvolvimento”.
Flaviano Masnik, diretor administrativo do PTI, comentou a questão energética. “Analisamos a questão das placas solares. A energia solar não é a única maneira de trabalhar o ambiente. O telhado, trabalhamos para manter a estrutura da Cobal, baseado nisso não é adequado para energia solar. Foi analisado tecnicamente e não é viável”.
Produtores, empresários e comerciantes locais pedem para ser ouvidos
O empresário Paulo Tremarin fez uso da tribuna: “Somos comerciantes e queremos participar do mix. Precisamos contemplar todos os públicos porque no mercado público municipal queremos atender desde a pessoa mais humilde até a elite. Temos de ter a preocupação do mix, se realmente os guias que são importantíssimos vão descarregar o passageiro lá, porque dependemos do público local, mas também do público turístico. Temos de preparar o entorno. Podemos ter o mercado mais colorido e mais rico, porque na nossa cidade se come a comida árabe, japonesa e chinesa verdadeira, nós temos essa oportunidade. Faço um pedido também que instalem energia solar, placas solares, que reduziriam o custo”.
Fernanda Turetta, produtora orgânica, destacou: “Uso esse espaço aqui hoje para falarmos em nome de todos os produtores e agricultores da nossa região para que tenham o espaço lá. A gente precisa de apoio em todas as esferas”.
Luiz Fernando Moreira, professor da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) e produtor agrícola comentou: “Queremos ser mais pragmáticos, queremos saber qual o preço da locação por metro quadrado porque queremos saber se haverá viabilidade para nós; precisamos saber como será o processo e os critérios para locação; se haverá alguma linha de crédito para investidores locais. Não tem uma linha de crédito para a gente, estou investindo 500 mil reais do meu bolso em minha propriedade. É preciso ter capacidade de gestão na hora de licitar”.
Lucy Andreguetti, da Cooperativa da Agricultura Familiar de Foz do Iguaçu (Coafoz), afirmou: “Hoje estamos já com 120 associados, mas acreditamos que em curto tempo dobraremos esse número, sabemos quantos agricultores trabalham no anonimato e produzem alimento para si e para sua comunidade. A prefeitura precisa abraçar o mercado municipal. Ela não pode se isentar desse papel, porque alguns serão beneficiados e outros não. Deixo aqui o meu apelo, questionamento e disponibilidade de caminharmos juntos”.
Fátima Silva, da Associação de Pescadores e Piscicultores do Lago de Itaipu em Foz do Iguaçu (Aplifi), pontuou: “Temos a tradição, a cultura do peixe defumado, a linguiça do peixe, queremos mostrar isso no mercado municipal. Quero pedir que nos deem a chance de participarmos das licitações”.