Debate na Câmara impulsiona luta em defesa dos diabéticos de Foz do Iguaçu
Um assunto de grande interesse das pessoas portadoras de diabetes está em discussão na Câmara de Vereadores de Foz do Iguaçu. A evolução tecnológica do monitoramento de glicemia por meio do dispositivo sensor libre melhora sensivelmente a qualidade de vida dos pacientes, porém não é ofertado no serviço público. Para debater o tema, o vereador Cabo Cassol (Podemos), atendendo uma solicitação do Instituto dos Diabéticos (ADIFI), promoveu uma audiência pública na terça-feira, 6 de junho.
Famílias de diabéticos e representantes de diversas entidades e do Poder Público estiveram presentes, dentre eles a secretária municipal de Saúde, Rose Meri da Rosa; e o diretor da 9ª regional de Saúde, Ademir Ferreira. Além de Cabo Cassol, também participaram do evento o presidente da Câmara, João Morales (União Brasil) e os vereadores Marcio Rosa (PSD) e Kalito Stoeckl (PSD).
O sensor libre é um dispositivo aplicado no braço da pessoa que durante 14 dias monitora a glicemia do paciente, garantindo absoluto controle e monitoramento dos índices. No sistema tradicional a pessoa precisa furar o dedo para medir a glicemia.
Nas conclusões, representantes do Estado e da Prefeitura alegaram dificuldades de atender a demanda em razão da falta de previsão orçamentária para este ano. Aventaram a possibilidade de no futuro, havendo viabilidade financeira, incluir o atendimento em políticas públicas de saúde e assim disponibilizar o dispositivo gratuitamente.
BUSCA DE RECURSOS
O vereador Cabo Cassol afirmou que pela Câmara há compromisso de vereadores em apresentar emendas impositivas para o próximo ano e assim dar continuidade ao programa. “E também, por meio do vereador Marcio Rosa, está sendo agendada uma reunião na Itaipu no próximo dia 19 buscando apoio para o atendimento aos portadores de diabetes. É um começo, em que o nosso objetivo é conseguir fazer com que o Município inclua esse benefício no orçamento da saúde e nas políticas públicas a partir do próximo ano”, finalizou.
10% DA POPULAÇÃO TÊM DIABETES E MUITOS NÃO SABEM
Durante a audiência, uma das expositoras foi a jornalista Vanessa Pirolo, Coordenadora do Grupo Coalizão "Vozes do Advocacy" em Diabetes e Obesidade, organização que reúne diversas entidades representando 31.743 pessoas no Brasil. Ela apresentou números preocupantes. No Brasil são 6 milhões de diabéticos diagnosticados e segundo Vanessa, outros 8 milhões de brasileiros não sabem que são portadores da doença, gerando gastos bilionários com as complicações.
Calcula-se, de acordo com a Sociedade Brasileira em Diabetes, que 10% da população estão com Diabetes e muitos não sabem. A Política Nacional de Diabetes, aprovada em 2019, não incluiu o artigo do teste de glicemia obrigatório nas urgências e emergências, o que contribui para a subnotificação.
Em 2021 morreram 210 mil pessoas por complicações do diabetes no Brasil. No mesmo ano, o diabetes causou, em média, 46 amputações por dia no Brasil. Anualmente, 150 mil brasileiros desenvolvem retinopatia diabética, doença que pode levar a cegueira.
DISPOSITIVO MUDA A VIDA DE DIABÉTICOS EM FOZ
Outra expositora foi a presidente do Instituto dos Diabéticos de Foz do Iguaçu, Terezinha Zagotta Machado Pinezi. Conhecida como ADIFI, a entidade, fundada em 2001, reúne 2.070 associados cadastrados. Ela apresentou os excelentes resultados obtidos durante um ano com o uso do sensor libre em 33 crianças e adolescentes assistidos pelo instituto.
Terezinha agradeceu, afirmando que o benefício só foi possível graças ao apoio de vereadores que destinaram recursos por meio de emendas impositivas ao orçamento. “Agora, para dar continuidade, precisamos discutir e buscar mais recursos. Nesse debate, mostramos a importância e a grande diferença na qualidade de vida dessas crianças e adolescentes. Além do maior controle, com o sensor não precisa mais, por exemplo, furar o dedinho”, explicou.
VANTAGENS DO MONITORAMENTO DIGITAL
Além da considerável melhora na qualidade de vida do cidadão e redução do sofrimento, especialmente em crianças e adolescentes, o monitoramento da glicose em diabéticos, por meio do sensor libre, traz outras vantagens incluindo a redução de gastos para o Sistema Único de Saúde. Os estudos apresentados durante a audiêmcia, mostram redução da hipoglicemia em até 54% dos casos, em especial a do tipo grave e noturna.
Outro fator importantíssimo é a redução das internações por hiperglicemia em até 26% e 10% por hipoglicemia, 49% por complicações agudas e até 93% por casos de cetoacidose diabética. No geral, os casos de hospitalização caem, em média, 33%.