Debate na Câmara impulsiona luta em defesa dos diabéticos de Foz do Iguaçu

por Herika Quinaglia última modificação 14/06/2023 13h03
Atendendo solicitação do instituto ADIFI, vereador Cabo Cassol (Podemos) promoveu audiência pública
Debate na Câmara impulsiona luta em defesa dos diabéticos de Foz do Iguaçu

Foto: Christian Rizzi

Um assunto de grande interesse das pessoas portadoras de diabetes está em discussão na Câmara de Vereadores de Foz do Iguaçu. A evolução tecnológica do monitoramento de glicemia por meio do dispositivo sensor libre melhora sensivelmente a qualidade de vida dos pacientes, porém não é ofertado no serviço público. Para debater o tema, o vereador Cabo Cassol (Podemos), atendendo uma solicitação do Instituto dos Diabéticos (ADIFI), promoveu uma audiência pública na terça-feira, 6 de junho.

Famílias de diabéticos e representantes de diversas entidades e do Poder Público estiveram presentes, dentre eles a secretária municipal de Saúde, Rose Meri da Rosa; e o diretor da 9ª regional de Saúde, Ademir Ferreira. Além de Cabo Cassol, também participaram do evento o presidente da Câmara, João Morales (União Brasil) e os vereadores Marcio Rosa (PSD) e Kalito Stoeckl (PSD).

O sensor libre é um dispositivo aplicado no braço da pessoa que durante 14 dias monitora a glicemia do paciente, garantindo absoluto controle e monitoramento dos índices. No sistema tradicional a pessoa precisa furar o dedo para medir a glicemia.  

Nas conclusões, representantes do Estado e da Prefeitura alegaram dificuldades de atender a demanda em razão da falta de previsão orçamentária para este ano. Aventaram a possibilidade de no futuro, havendo viabilidade financeira, incluir o atendimento em políticas públicas de saúde e assim disponibilizar o dispositivo gratuitamente.

BUSCA DE RECURSOS

O vereador Cabo Cassol afirmou que pela Câmara há compromisso de vereadores em apresentar emendas impositivas para o próximo ano e assim dar continuidade ao programa. “E também, por meio do vereador Marcio Rosa, está sendo agendada uma reunião na Itaipu no próximo dia 19 buscando apoio para o atendimento aos portadores de diabetes. É um começo, em que o nosso objetivo é conseguir fazer com que o Município inclua esse benefício no orçamento da saúde e nas políticas públicas a partir do próximo ano”, finalizou.

10% DA POPULAÇÃO TÊM DIABETES E MUITOS NÃO SABEM

Durante a audiência, uma das expositoras foi a jornalista Vanessa Pirolo, Coordenadora do Grupo Coalizão "Vozes do Advocacy" em Diabetes e Obesidade, organização que reúne diversas entidades representando 31.743 pessoas no Brasil. Ela apresentou números preocupantes. No Brasil são 6 milhões de diabéticos diagnosticados e segundo Vanessa, outros 8 milhões de brasileiros não sabem que são portadores da doença, gerando gastos bilionários com as complicações.

Calcula-se, de acordo com a Sociedade Brasileira em Diabetes, que 10% da população estão com Diabetes e muitos não sabem. A Política Nacional de Diabetes, aprovada em 2019, não incluiu o artigo do teste de glicemia obrigatório nas urgências e emergências, o que contribui para a subnotificação.

Em 2021 morreram 210 mil pessoas por complicações do diabetes no Brasil. No mesmo ano, o diabetes causou, em média, 46 amputações por dia no Brasil. Anualmente, 150 mil brasileiros desenvolvem retinopatia diabética, doença que pode levar a cegueira.

DISPOSITIVO MUDA A VIDA DE DIABÉTICOS EM FOZ 

Outra expositora foi a presidente do Instituto dos Diabéticos de Foz do Iguaçu, Terezinha Zagotta Machado Pinezi. Conhecida como ADIFI, a entidade, fundada em 2001, reúne 2.070 associados cadastrados. Ela apresentou os excelentes resultados obtidos durante um ano com o uso do sensor libre em 33 crianças e adolescentes assistidos pelo instituto.

Terezinha agradeceu, afirmando que o benefício só foi possível graças ao apoio de vereadores que destinaram recursos por meio de emendas impositivas ao orçamento. “Agora, para dar continuidade, precisamos discutir e buscar mais recursos. Nesse debate, mostramos a importância e a grande diferença na qualidade de vida dessas crianças e adolescentes. Além do maior controle, com o sensor não precisa mais, por exemplo, furar o dedinho”, explicou.

VANTAGENS DO MONITORAMENTO DIGITAL

Além da considerável melhora na qualidade de vida do cidadão e redução do sofrimento, especialmente em crianças e adolescentes, o monitoramento da glicose em diabéticos, por meio do sensor libre, traz outras vantagens incluindo a redução de gastos para o Sistema Único de Saúde. Os estudos apresentados durante a audiêmcia, mostram redução da hipoglicemia em até 54% dos casos, em especial a do tipo grave e noturna.

Outro fator importantíssimo é a redução das internações por hiperglicemia em até 26% e 10% por hipoglicemia, 49% por complicações agudas e até 93% por casos de cetoacidose diabética. No geral, os casos de hospitalização caem, em média, 33%.

 

 

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